Jovens e o Covid-19, propostas e soluções para o ambiente Pós-pandemia na África.

O artigo abaixo concorreu para o Blog4Dev 2021, um concurso anual (Promovido pelo Banco Mundial) de redação que convida os jovens a opinar sobre um tópico crítico para o desenvolvimento econômico de seu país/região. Este ano, foi pedido aos jovens africanos que compartilhassem suas ideias sobre como os jovens poderiam trabalhar com seus líderes governamentais e da sociedade civil para responder ao impacto do COVID-19 (coronavírus) e construir um sistema econômico e social pós-pandemia mais forte, o artigo não poderia conter mais de 650 palavras. Integrei o quadro de concorrentes angolanos e, infelizmente, não fui o vencedor, contudo, deixo disponível aqui, para leitura e apreciação daqueles que me acompanham. "Alexandre F. Quinguri".

A pandemia Covid-19 tem sido a causa de uma série de consequências negativas que vão muito além de prejuízos socioeconómicos. Abrindo espaços para desafios a serem enfrentados e oportunidades a serem abraçadas.

Até então, maior parte da população africana é considerada jovem, a tendência é que o ritmo de crescimento seja constante nos próximos anos. Ao contrário de muitos países africanos, o envelhecimento da população, principalmente nos países mais desenvolvidos algures na Europa, tem preocupado autoridades governamentais e não só. Dentre vários fatores, o futuro promissor desse que é considerado o “berço da humanidade”, em muito dependerá da aposta na sua juventude, sendo esta, a força motriz de qualquer sociedade. Para se enfrentar o impacto da Covid-19 e construir um sistema social e económico mais robusto após pandemia, será indispensável que o capital humano seja o centro das políticas públicas, igualmente, será fundamental que a juventude repense conceitos e medidas de modo a construir um sistema social e económico mais robusto.

Emigração e patriotismo, a fuga de jovens da África para outros pontos do mundo é constante e acentuada, muitos se submetem aos riscos da emigração clandestina de forma a acharem melhor qualidade de vida noutros continentes. A saída massiva de capital humano tem contribuído em muito para que determinados problemas socioeconómicos se perpetuem na região. É fundamental haver uma cooperação mútua entre governos e sociedade civil, de modo a suscitar um censo maior de patriotismo entre os jovens. É necessário que a África também seja pensada com cabeça de africanos, jovens identificando problemas, propondo soluções e gerando mudanças, é fundamental que os jovens enfrentem os desafios que afligem diretamente suas famílias, e não que corram deles.

O empreendedorismo, principalmente aquele associado a novas tecnologias, deverá se tornar uma prática constante e intensiva no seio da juventude, de modo a gerar emprego, renda, e consequentemente geração de receitas fiscais. Instigar o surgimento de investimentos que mais faltam na região, como a criação de laboratórios farmacêuticos de modo a produzir remédios capazes de combater as doenças que mais matam no país ou região. Capacitar novos investidores com a criação de incubadoras de negócios, valorização da cultura nacional de modo a atrair investimentos em turismo. Atentar para construção de projetos duradouros e capazes de gerar impactos positivos no curto, medio e longo prazo, que canalizem recursos para dentro do continente – integração entre os países da região, exposição de bens e serviços na vizinhança, contribuindo efetivamente para o bem da sociedade no período pós pandemia, diminuindo a estagnação económica, informalidade, recessões e demais dificuldades financeiras.

Educação, pesquisa e extensão, para que mais jovens sejam comprometidos com as mudanças futuras envolvendo seus países, é fundamental que seus governos estejam estritamente associados a eles, e vice-versa. De modo geral, os Orçamentos Gerais dos Estados (OGEs) dos países da África Subsaariana tem destinado poucas verbas ao financiamento de Pesquisa e Extensão (P&D). Fornecer aos jovens as habilidades necessárias de modo a desenvolver suas mais faculdades mentais - Jovens deverão intensificar pesquisas e investimentos em setores específicos mais afetados pelo Covid-19, ajudando a se defender de futuros surtos de pandemias com maior praticidade e eficiência.

Emancipação de jovens na esfera política, estes devem ser peças fundamentais na tomada de decisões importantes, serem ousados ao ponto de conquistarem espaço em funções públicas estratégicas. Organizar movimentos políticos de modo a levantar questões, apresentar soluções e manifestar garantia de direitos garantidos por Lei. Velar pelo fim da instabilidade, violência política e conflitos sociais que poderão surgir no período pós-pandemia.

Jovens pela educação, criação de instituições educativas comunitárias como alternativa para o combate do analfabetismo funcional, feiras de economia solidaria e cooperativas de crédito de modo a financiar investimentos sustentáveis. Mobilizar forças para criação de Organizações Não Governamentais atuantes em determinadas esferas sociais, de modo a canalizar recursos a serem aplicados em regiões menos atuadas pelos governos, capacitar grupos vulneráveis, cobrir serviços sociais interrompidos, diminuir desigualdade social, levar auxílio emergencial e educacional principalmente.



Por: Alexandre F. Quinguri

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